[RESENHA] Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge

O MAIOR ERRO de Christopher Nolan em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge foi não ter posto uma cena pós-créditos. O porque disso... bem, você saberá após assistir o filme.

Começo o texto de hoje transcrevendo o trecho final da carta de despedida de Christopher Nolan para a saga do homem-morcego, que está presente no livro( não traduzido) The Art and Making of The Dark Knight Trilogy que foi lançado do ultimo dia 20, nos EUA:

[...] Sentirei falta do Batman. Eu gosto de pensar que ele sentirá minha falta, mas ele nunca foi particularmente sentimental.[...]

Pois é Nolan, nós também sentiremos falta. Sentiremos, principalmente, falta de você na cadeira do diretor. Afinal, como dizem os mais fervorosos fãs: In Nolan We Trust !(Em Nolan Nós Confiamos). E Christopher Nolan nunca decepcionou, pelo menos não com o morcego.

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises) é uma verdadeira obra de arte. Trás mais do mesmo, mas impressiona. Mas quando se trata de Christopher Nolan, o telespectador tem que entender que "mais do mesmo", quer dizer "eu não sei que porra ele vai fazer, mas vai ser bom". Temos neste filme o retorno de Christian Bale (que, assim como Nolan, vestiu a roupa de morcego pela ultima vez) como Bruce Wayne, nosso amado, e por vezes odiado, rico bilionário, filantropo e cara fechada. Comissário Gordon, sempre interpretado por Gary Oldman; e, é claro Lucius Fox, por Morgan Freeman. Michael Caine ainda é Alfred; e agora temos umas caras novas: Bane, interpretado por Tom Hardy; Miranda Tate, por Marion Cotilland; a ladra Selina Kyle, Anne Hathaway; e o policial John Blake, Joseph Gordon Levitt.

Se passaram oito anos desde que Harvey Dent, o Cavaleiro Branco de Gotham, pereceu nas mãos do Batman. Como consequência disso, o martírio produziu empatia suficiente para que sua Lei do Anti-Crime fosse aprovada. Criminosos são presos em flagrante, a rodo, sem defesa, revogação, condicional ou quaisquer chances de sair da prisão. Foram presos mil criminosos. Gotham está limpa. O Batman não é mais necessário. E, principalmente, Bruce Wayne já não é mais tão vigoroso, após tantos anos fora das ruas. Alias, ele está recluso, em um auto-isolamento em sua mansão.

Mas como tudo que é bom pode ficar pior, eis que surge(ou melhor, ressurge) o mal. Bane, um suposto mercenário se move em direção a Gotham e ninguém sabe qual é o seu plano. Se o Coringa queria ver o circo pegar fogo, Bane, aqui, institui a completa anarquia. Bane é uma combinação de pura força bruta, treinado por Ra's Al Ghul, e muita inteligência, além de um genuíno espirito anarquista e uma "paixão" que o move mais que tudo. Bane teria sido expulso da Liga das Sombras, tal como Bruce; mas conservando o ideal morto com Ra's Al Ghul de que quando uma civilização passa dos limites ela deve ser dizimada. Bane pretende corrigir Gotham. Enquanto isso Bruce Wayne tem que lidar com uma fraude na Wayne Enterprises e as eventuais aparições da ladra Selina Kyle.

Tenho que dizer também que Batman o roteiro do filme é "literalmente" quase-perfeito e bem amarrado. E quando falo literalmente, é literalmente MESMO. A história de Batman parece ter sido premeditada desde o inicio e se assemelha a uma dissertação. O filme revisita constantemente Batman Begins e The Dark Knight buscando os alicerçar esta ultima sequencia. E não podemos esquecer de dizer, é claro, mais alterações da história original para funcionar na tela. Temos alguns problemas pequenos como o surgimento "do nada" de Miranda Tate, que veio de lugar nenhum pra Gotham sem um nota ou dialogo qualquer, ou como o Batman se curou tão rápido do golpe de Bane ou a não-menção da toxina Venom, que mantém Bane sob controle anestesiando completamente sua dor física. Esses detalhes acabam por ser ignorados quando se olha o conjunto; o de Bane é o que mais me preocupa pois é o mais visível e os fãs podem ser perguntar porque ele "perde o controle" e "pira na batatinha" quando mechem naquela mascara. Nolan também se esqueceu de por uns tubos ligados a alguma coisa, para evidenciar que o Bane está constantemente inalando algo, mesmo que não mencionasse o que. Mas devo dizer que algumas das transposições HQ-Cinema que Nolan fez neste ultimo me surpreenderam - o Poço do Lazaro não tem muito a ver com os quadrinhos, mas virou uma coisa incrível. Tudo foi feito com maestria e bom senso e estou satisfeitíssimo.

Quanto melhor o filme, provavelmente, menor o texto. O fato é que, sobre o enredo, paramos por aqui. Em relação a este, embora com um errinho aqui, outro ali(sempre tem um ou outro, nenhum filme é perfeito!), o roteiro é ótimo, com várias reviravoltas. Reviravoltas sensatas. E cenas que, devo dizer, são memoráveis e que certamente entrarão para a história do cinema. Chris começa o Batman como sempre começou, mas termina como poucos imaginam que ele terminaria. 

Nos quesitos técnicos o filme não deixa a desejar. Uma maquiagem e figurino impecáveis. Dessa vez temos uma Gotham invernal onde está nevando, algumas cores são mais claras, temos menos escuridão. Mais azul e mais crueza, que certamente é proposital. As lutas são bem coreografadas, não parecem que os personagens estão dançando sem ser nunca atingidos, como em certos filmes de luta/guerra. A trilha sonora composta por Hans Zimmer é motivo mais que suficiente para ir ao cinema ver Batman. Zimmer sempre sabe o que fazer, é por isso Nolan gosta dele. Já os efeitos visuais, eles estão lá quando se fazem necessários. Batman não tem super-poderes. E quem se importa? Quando virem os seus brinquedinhos, ninguém vai ligar para super-força ou qualquer coisa do tipo.

No campo da atuação todo o elenco dispensa comentários. Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy., Joseph, Marion Cotilland... são velhos conhecidos de Nolan fazem um ótimo trabalho. Temos até aparições recorrentes do vilão "espantalho". E um destaque merecido para Tom Hardy, e seu Bane; Michael Cane como Alfred emocionou neste filme e, é claro, o Bruce de Christian Bale traz mais uma das faces sombrias do herói, que ainda não havia sido mostrada. Marion Cotilland, Joseph Gordan Levitt fazem um ótimo trabalho e seus personagens se revelam muito construtivos para a finalização da trama. Anne Hathaway dispensa comentários. Selina Kyle é uma ladra elegante, inteligente, bonita e sensual. Na verdade temos um ótimo gerenciamento do elenco coadjuvante neste filme, todos eles foram bem aproveitados.

Como se não bastasse tudo isso, o filme também trás uma ótima reflexão sobre a sociedade, o caos, o "inferno na terra", tal como o personagem Coringa nos trouxe.

Como eu disse, o único erro de Chris Nolan nesse filme foi não ter feito uma cena pós-créditos, o que é justificável já que este foi o seu ultimo Batman. Mas quando vocês assistirem o filme, acreditem, vão sentir falta de algo assim; e da certeza de que haveria um próximo filme mais do que nunca.

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge é parada obrigatória para todo mundo que gosta de cinema  e de HQ, oque apenas quer se divertir. Minha nota para Batman, embora eu o considere bastante superior a O Espetacular Homem Aranha, será nota 9,0(só por causa de certos errinhos que achei descuido.), embora eu tenha tambérm dado um 9(praticamente) ao Homem Aranha. Isso quer dizer que estou mudando meus critérios de avaliação, mas não vale a pena retirar a nota do outro. Termino aqui com um, nada mais que justo: Obrigado Nolan !