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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

[Resenha] Lincoln (2012)


Lincoln é um filme bom. Não é excepcional, mas definitivamente ainda é bom. Afinal, é sempre uma criação que bebe do esmero de Steven Spielberg. Sobretudo esse filme, que é representa a realização de um sonho pessoal do diretor. O filme foi indicado a 12 categorias no Oscar, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor ator, e melhor ator e atriz coadjuvantes. Apesar da qualidade, Lincoln não agrada a gregos e troianos.

Depois de Amistad, Spielberg realiza seu sonho pessoal de contar a vida do décimo-sexto presidente dos Estados Unidos, o mais amado presidente na história americana. No entanto quem vai ao cinema esperando uma cinebiografia mapeando os passos do herói desde a infância até sua consagração como presidente dos EUA vai se decepcionar. O foco é na parte mais especial da trajetória de Abraham Lincoln. Estamos no segundo mandato de Lincoln, durante a Guerra Civil americana, onde o Norte capitalista confronta os rebeldes sulistas escravagistas. A luta prossegue, o Norte se aproxima cada vez mais da vitória. Enquanto o campo de batalha derrama sangue, Lincoln e os republicanos precisam derramar suor e sanidade para alcançar o objetivo do presidente: a 13ª emenda da constituição dos Estados Unidos, que prevê a emancipação dos escravos e a abolição da escravidão de uma vez por todas nos EUA. O principal impedimento para a aprovação dessa emenda, que é aprovada no senado, é a aprovação na câmara dos deputados: o montante democrata depende economicamente da escravidão. Sendo terminantemente contra. O filme vai acompanhar a jornada pessoal de Lincoln em seus quatro anos de governo, mostrando como o homem foi capaz de aprovar a emenda, tornando-se um dos homens mais importantes da história americana e reunificando os Estados Unidos.
O filme, no entanto, foca tanto na questão da escravidão, que parece que a intenção de Spielberg era mais discutir filosofia e questões existenciais, do que focar de fato na vida de Lincoln, embora ele o faça com frequência. O filme se sustenta puramente no diálogo. Diálogos bem construídos. A ação acontece é nos salões do governo, nas grandes câmaras de deputados, no gabinete de Abraham Lincoln. Heroico, idealizado ou não; a política na vida de Lincoln está sempre acima de seu tempo pessoal. O que faz o filme valer a pena é o elenco de peso, as atuações substanciais, a impecável direção técnica; além da riqueza com que a história é contada. Se Amistad contava com a soberba de Morgan Freeman; Lincoln conta com o perfeccionismo de Daniel Day-Lewis, que provavelmente ganhará o Oscar este ano. Daniel estudou o presidente em seus mínimos detalhes, reproduzindo até mesmo o andar manco característico do ex-presidente e sua postura meio curvada. Como se não bastasse Lewis, Tommy Lee-Jones deu outro banho de atuação, assim como Sally Field, ambos indicados ao Oscar, e todo o elenco coadjuvante.

O filme tem uma coloração escura, que varia entre o cinza e azul-celeste, somente no final vemos um pouco de dourado, a fotografia é bonita. O figurino e a maquiagem são impecáveis, Daniel encarnou o presidente, e os demais atores se assemelham de mais aos retratos dos protagonistas originais. A trilha sonora não foi o melhor trabalho de John Williams.
Ao focar no trabalho de Lincoln, Spielberg parece tentar reviver o ideal, já à muito morto, do sonho americano (The american dream) e inspirar as pessoas a respirarem novamente os ideais franceses de Igualdade, irmandade e fraternidade em seu sentido mais literal. Spelberg banha Lincoln com as águas do heroísmo. No entanto, o filme é intimista, as vezes seco, não tem a intenção de emocionar. Lincoln é didático, informativo,eloquente, belo. Seu encanto reside no brilhantismo de suas atuações. Agradará certamente os professores e amantes de história, além dos milhões de patriotas americanos ou simpatizantes do cinema intimista. Brasileiros que não conhecem a história americana se entediarão. Apesar da glorificação do protagonista, Lincoln é bom, mas não para todos. Ou, pelo menos, não foi feito para todos.

Nota: 7,0
by Riraymage

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