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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

[Resenha] As Aventuras de Pi


Algo precisa ser dito sobre Life of Pi (As aventuras de Pi, no Brasil); é um filme que merece ser visto por todo ser humano pelo menos uma vez na vida. Mais que isso, deveria ser visto. De preferência em 3D. Pois que nem mesmo a desastrosa maquina publicitária brasileira foi capaz de ofuscar o brilhantismo de Ang Lee, mais uma vez, e, é claro, de Yann Martel - que escreveu o livro que deu origem ao filme."Pi", é simples, simbolista e visualmente impecável.

As aventuras de Pi, como foi apresentado ao Brasil, é um filme, até certo ponto simples. Tão simples que torna mágico, quase como se enquadrasse no gênero de "realismo fantástico". O filme, como já foi dito, é baseado num livro publicado em 2001 por Yann Martel. A história era boa, logo se pensou uma adaptação, mas parece que nada dava certo para Pi. Vários diretores foram cotados para o projeto, mas quase sempre desistiam ou se afastavam. Eis que "Pi" finalmente chega as mãos cuidadosas de Ang Lee, diretor de O segredo de Brokeback Mountain  e O tigre e o dragão. E assim nasceu uma das mais incríveis produções de 2012, talvez a maior de todas. Pi foi indicado ao Oscar em 11 categorias: melhor filme, melhor trilha sonora, melhor diretor, mixagem de som, melhor roteiro adaptado, canção original, efeitos visuais, fotografia, direção de arte, montagem e edição de som.
O filme se inicia com uma belíssima cena, mostrando o zoológico onde Pi e sua família moram. Na verdade, Pi é Piscine Patel, que ganhou o nome de uma piscina francesa. Desde o inicio o filme mostra uma beleza visual incrível, o 3D proporciona um grau de imersão tão grande, que as vezes nos sentimos dentro do filme, acompanhamos o macaco que se embrenha numa árvore, os porcos que marcham, o pássaro que flutua pela sala, e o próprio Pi no prosseguimento de sua vida. Na verdade, tudo isso é um flashback. Pi está contando sua vida para um escritor. E o questionamento principal de um Pi adulto, no inicio do filme, é  conseguir fazer seu entrevistador, um escritor sem ideias, acreditar em Deus. Logo percebe-se que "Pi" é uma história sobre fé.
"Pi" é um rapaz engraçado, ele possui três religiões: é hindu, islâmico e cristão. Para Pi, deus se apresenta com muitas faces, de muitas formas, com muitos nomes; os próprios hindus tem dezenas e centenas de deuses. E há um questionamento se Pi está correto em em seguir mais de uma religião, mas no fundo este questionamento não é o ponto central do filme. O ponto central do filme se revela algum tempo depois, talvez após... meia hora? A família de Pi está em maus bocados e precisa sair da Índia para refazer a vida no Canadá. Eles pegam um navio cargueiro mas quis o destino que uma tempestade  os naufragasse no meio do oceano Pacífico. Pí foi o único sobrevivente, agora sozinho com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre-de-bengala. Eventualmente os animais vão morrer todos até que sobre apenas o majestoso tigre. E então assistimos a odisseia Pi no meio do nada. É a partir desse ponto que o filme realmente se desenrola, e a medida que passa o tempo, percebemos que o questionamento do filme nunca foi qual religião se deve seguir, qual deus é o correto, mas sim até onde vai a nossa fé. Isso é Pi, um filme sobre fé, e nada mais. E o plano de fundo para essa jornada interior será um exterior de azul, pacífico como o próprio mar, um vasto céu, e vastas águas, um bote salva-vidas e uma jangada. A natureza em seu esplendor é elevada ao máximo, atingindo o status de transcendental, criando um ambiente fantástico, confundindo céu e mar, realidade e imaginação. Não sabemos se história de Pi aconteceu ou não. Mas não importa , porque parece tão real que precisamos acreditar. É exatamente para isso que serve o, também impecável, 3D do filme, para proporcionar um grau de imersão tão grande que as sensações do filme fossem intensificadas dentro de nós. "Pi" é mais que um filme para se assistir, é um filme para se experienciar. Ao assistir Life of Pi temos que estar conscientes de que não somos apenas expectadores, estamos vivendo tudo aquilo junto com o protagonista, para nós é real também. Para nós, precisa ser real, como só a própria fé pode tornar. E assim, Ang Lee cumpre a sua missão.

Dotado de uma qualidade impecável, uma fotografia e direção de arte soberbas, um ótimo trabalho de câmera e efeitos especiais de ponta aliados a uma ótima atuação, Life of Pi se torna um filme obrigatório a partir de 2013, não apenas para quem gosta de cinema, mas para qualquer pessoa que deseje ter uma experiência, ainda que ínfima, de pura reflexão.

Nota 10
by Riraymage

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