NOTA: Este é um blog de opinião, não de noticias. Portanto tudo aquilo que for escrito, embora fundamentado em dados, noticias ou informação verídica, não é imparcial. E também não é uma verdade absoluta, é apenas uma opinião critica, portanto não deve ser vista com tal. Fica a dica.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Permaneça faminto, permaneça tolo

Devaneios de um 2013 estranhamente nostálgico


Todo ano todo mundo faz uma mensagem de "Feliz Ano Novo". Todo ano escrevemos textos enormes, não todos nós, mas algumas muitas pessoas. Mensagens emotivas, lindas, sobre como o ano foi incrível, agradecemos a tudo e a todos, e felicitamos e congratulamos a tudo e a todos. A nós mesmos? Reservamos um "obrigado (insira aqui o ano) por me proporcionar (insira aqui momento/aprendizado)". Quer dizer então que agradecemos ao ano? Seria melhor agradecer a Deus, porque pelo menos acreditamos (não todas as pessoas) que Deus é uma entidade consciente... diferente da ideia de ano - que é puramente tempo... física.

Algumas pessoas, certamente, continuam a escrever essas mensagens (porque é "tradição da época) mas, diferente do resto, elas também, principalmente, congratulam a si mesmas por fazerem diferente. Por mudarem, por buscarem mais, por se desafiarem e por crescer. Essas pessoas sabem que elas foram a diferença e não o ano. E dizer isso é tão clichê quanto uma imagem compartilhada no Facebook, a qual é verdadeira e é clichê e nós concordamos, mas apenas para os outros, raramente para si mesmos. É como outra frase clichê sobre os fins de ano: porque decidir mudar apenas no fim do ano, porque fazer um balanço na vida, apenas em Dezembro? Todo dia começa um novo ciclo! Então mude amanhã! Parece fácil não é? Lutar contra os medos e a passividade que nos cerca, lutar contra o conforto, o conformismo, a rotina. Mas algumas também muitas conseguem. A essas pessoas que são diferentes da maioria ( maioria em que descaradamente me incluo) reservo a minha admiração.

E também um profundo desejo de me incluir neste seleto grupo, o grupo dos empreendedores da vida. 
Os que sabem viver bem e de verdade. É por isso que dessa vez, diferente dos anos anteriores onde desejei a mudança e a força para todos, vou escrever sobre o que aprendi em 2013. Fazer o meu balanço em palavras encadeadas que formam textos e parágrafos enquanto escuto, continua e repetidamente a música "Johnny B. Goode" do Chuck Berry, atualmente um dos meus cantores mortos prediletos (não que existam muitos cantores vivos que me toquem o coração). No fim das contas, como todos os anos, tenho que admitir que o ano está acabando. Mas que nostalgia é essa que já sinto de 2013?

É uma sensação puta de boa; pois comecei o ano achando 2013 uma grande m*rda. E assim começou um aprendizado que minha mãe disse que eu poderia apreender sem problemas se agisse nos conformes e seguisse o projetos. O problema é que sou genuinamente péssimo em seguir projetos, planos, regras de qualquer tipo, desde as mais bestas até as mais rigorosas e indiscutíveis como a própria lei ou os moldes de uma religião. Sou péssimo, sempre desconcordo, acho que a lei do universo é a anarquia e negar isso é negar a natureza. Mas em 2013 aprendi diversas coisas que sempre disse que concordava mas era da boca pra fora.

Aprendi que nem sempre aprender é fácil. Que as vezes cada um de nós é uma humanidade inteira, de muitas formas e desejos e essa tripulação nunca quer uma coisa só, é sempre tudo e nunca podemos fazer esse tudo. Aprendi que apesar de não gostar de regras, as vezes elas são essenciais e mesmo que eu discorde (e continuarei a discordar) elas serão necessárias ou aplicáveis até que alguém tenha uma ideia melhor. E eu não tenho... ainda. E descobri também que se não tem uma ideia melhor, é melhor calar a boca. Descobri que apesar de ser bom liderar, ser liderado e seguir ordens pode ser bom e podemos aprender muito assim. Descobri que quando entendemos de verdade como é ser liderado, nos tornamos lideres muito melhores e que chefiar não adianta nada, mesmo que você saiba que está certo e que a decisão é a melhor.
Percebi o quanto era letárgico e como isso gera um cíclo vicioso. Descobri que não entendo como pessoas sedentárias podem ser felizes. Quando não nos movemos, nada parece ruim, mas nada parece igualmente bom. Sempre soube que a rotina era insuportável, mas descobri que quando a gente recebe uma superdose (como uma caricatura que exagera para denunciar uma realidade) finalmente enlouquece e admite que é melhor enlouquecer em movimento. Percebi que quando a gente se apaixona de verdade, supera os limites. Mesmo que eles sejam muitos; e quando são, superamos muitas vezes. E mesmo que você receba um não uma, duas ou três vezes - já será um vencedor por não ter desistido. Descobri também que fossa de verdade dói e dura; e se você for sentimental de mais, pode se transformar num vazio e durar semanas, talvez meses. E, de repente, você se sente igual a Bella Swan em Lua Nova; olha no espelho e começa a se odiar por se sentir como um personagem que odeia. Tem algo de muito errado nisso.

Percebi que quando você sai da zona de conforto e muda o caminho, coisas ruins acontecem... e coisas boas também. E quando passam, de repente as coisas que pareciam ruins, terminam parecer muito boas quando notamos o crescimento proporcionado. Pelo menos, coisas diferentes quase sempre parecem assustadores e ruins se você é ansioso e tem medo do desconhecido. Mas me apresentaram um vídeo da Iknowation diz que podemos pensar de outra forma. O desconhecido é na verdade um lugar maravilhoso onde podemos aprender, crescer e viver ótimos momentos se tivermos coragem. Deve ser que nem tatuagem, medo, se houver, é na primeira vez - depois vicia. A propósito, preciso juntar dinheiro para fazer a minha.

Me forcei a sair da minha zona de conforto tantas vezes, praticamente me obriguei em vários momentos. E em outros me recolhi em minha letargia. Hora tudo parecia bom, hora tudo parecia ruim. Não sou bipolar, mas bem que eu me sentia. Isso é clichê, mas a verdade é que adoramos clichês e que quase todo mundo já imaginou a própria vida como um filme ou um livro como o Pat de "O Lado Bom da Vida". Me senti o Tom de 500 Days of Summer, no inverno, e parecia que não acabaria nunca; mas o outono sempre vem. E como o Tom e como o Pat, sinto a a maré mudar. Olho o espelho e já não me sinto um Kurt Cobain - sobre o qual redigi um dos meus melhores textos. Me disseram que não seria bom postar, acabei excluindo da rede, mas imprimi o texto e sempre o releio para me lembrar. Aprendi que podemos ser realistas sem ser apocalípticos; podemos ter esperança, devemos ter esperança. Que aquela matéria que parecia uma droga pode se tornar algo mais palpável aos 45 do segundo tempo da prorrogação.

Fui uma festa e bebi muito mas não até cair, e no dia seguinte me arrependi de não ter exagerado, mas depois concluí que tanto faz, para mim que absolutamente divertia em festas, mas aquela tinha sido especialmente divertida. Não fui a outras, dei motivos bestas, desculpas rasas e me arrependi nas segundas feiras. Descobri que a gente muda afinal, e que umas latas de cerveja fazem milagres mesmo depois que o efeito do álcool já se foi. E que a gente pode e deve relaxar de vez em quando. Que podemos falar besteira e que ser intelectual 24 horas por dia é na verdade muito entediante. Podemos escutar funk, falar bobagens e assistir futebol (embora eu realmente não consiga assistir futebol!), acordar no dia seguinte e continuar amando Tom Jobim ou ou Victor Hugo. Falando em Victor Hugo, se você for assistir Os miseráveis no cinema, provavelmente irá sozinho se não tiver uma namorada, porque nenhum dos seus amigos ou amigas vão querer fazer esse sacrifício - eu obviamente assisti sozinho.

Em 2012 eu fiz um balanço e prometi a mim mesmo que faria diferente, e achei que seria tudo igual. Desejei a todos que parecem de fazer balanços anuais para fazer balanços diários. Porque começar aquela dieta na segunda se você pode começar amanhã. Aquela ligação, porque não tentar de novo? Aprendi muitas coisas e já pratico várias, outras no entanto ainda luto para empreender. Finalmente, depois de tantos anos aprendi que a vida é assim mesmo, e que não dá pra controlar nada, por mais que eu tente e sei que é da minha natureza controladora não desistir disso. Mas que de vez em quando da pra afrouxar essa corda. Quem sabe um dia eu consiga arrebenta-la. Apesar de tudo isso, ainda acho que 2013 foi uma m*rda. Talvez porque as coisas não tenham saído absolutamente nada como eu queria. Mesmo assim, volto a repetir: porra, que nostalgia é essa que já sinto de 2013 ?

De 2014 não exijo nem espero nada. Muitas pessoas já fazem isso. Quando chegar, vou apenas exigir mais e mais de mim, sei que ainda não atingi meu limite, e quero descobrir qual é ele. Acho que pode ser árduo, mas agora já fui batizado. E à você que chegou ao fim desse texto, desejo um balanço positivo do seu ano e que em vez de ser perguntar quantas coisas este ano lhe proporcionou, que tal perguntar "o quanto eu me proporcionei este ano?" E de repente caí em mais um clichê e eu sempre odiei clichês óbvios. A verdade é que sempre soube que clichês são baseados em fatos reais, e se você quiser, sua vida pode ser um clichê dos bons, mas também pode ser um dos ruins. Só depende de cada um de nós.

Mas 2013 ainda não acabou. Por isso não vou desejar um feliz 2014, até porque ainda faltam 10 dias para o ano acabar. Vou deixar aqui as palavras que, para muitos nada significam, mas para mim tem grande valor; foram ditas por Steve Jobs(cuja biografia li este ano) no histórico discurso de 2009 em Stanford: Permaneça faminto, permaneça tolo. Continue buscando e nunca, absolutamente nunca, sossegue.

 Texto: Heitor Oliveira (Riraymage)

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